FOLHA DE SÃO PAULO DIA 16 DE JANEIRO
2.013
Ler autores clássicos, como
Shakespeare, William Wordsworth e T.S. Eliot, estimula a mente e a poesia pode
ser mais eficaz em tratamentos do que os livros de autoajuda, segundo um estudo
da Universidade de Liverpool publicado nesta terça-feira (15).
Especialistas em ciência, psicologia e
literatura inglesa da universidade monitoraram a atividade cerebral de 30
voluntários que leram primeiro trechos de textos clássicos e depois essas
mesmas passagens traduzidas para a "linguagem coloquial".
Os resultados da pesquisa, antecipados
pelo jornal britânico "Daily Telegraph", mostram que a atividade do
cérebro "dispara" quando o leitor encontra palavras incomuns ou
frases com uma estrutura semântica complexa, mas não reage quando esse mesmo
conteúdo se expressa com fórmulas de uso cotidiano.
Esses estímulos se mantêm durante um
tempo, potencializando a atenção do indivíduo, segundo o estudo, que utilizou
textos de autores ingleses como Henry Vaughan, John Donne, Elizabeth Barrett
Browning e Philip Larkin.
Os especialistas descobriram que a
poesia "é mais útil que os livros de autoajuda", já que afeta o lado
direito do cérebro, onde são armazenadas as lembranças autobiográficas, e ajuda
a refletir sobre eles e entendê-los desde outra perspectiva.
"A poesia não é só uma questão de
estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e
biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos de nossas
lembranças", explica o professor David, encarregado de apresentar o
estudo.
Após o descobrimento, os especialistas
buscam agora compreender como afetaram a atividade cerebral as contínuas
revisões de alguns clássicos da literatura para adaptá-los à linguagem atual,
caso das obras de Charles Dickens.
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